O segundo dia de programação científica da 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi marcado pela conferência da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que, em sua fala, destacou os impactos ocasionados pela pandemia de Covid-19, mas também os aprendizados e desafios norteadores para o Ministério da Saúde, que completa 70 anos nesta terça-feira (25).
A ministra elencou consequências como o exacerbamento de desigualdades estruturais, sobrecarga no sistema de saúde e interrupção de serviços básicos e sociais como sequela da enfermidade que atingiu o mundo em 2020. Ela salientou, no entanto, que esses problemas trouxeram muitas lições como a necessidade de investir de forma contínua em ciência, tecnologia e inovação; descentralizar a produção de bens de saúde; e mudar o paradigma da comunicação da ciência.
“Precisamos aprofundar as relações entre ciência e democracia. A comunicação da ciência hoje é desafiada por vetores negativos e isso nos leva à necessidade de uma comunicação mais pautada no diálogo com a sociedade”, afirmou Nísia.
Segundo a coordenadora da pasta, o Governo Federal lançará um memorial da pandemia, uma ação que envolverá diversos ministérios para refletir as ações tomadas no período e as medidas que o País ainda necessita.
Foram citados, ainda, outros aspectos relevantes que estão inseridos como prioridades na agenda do Ministério da Saúde, a exemplo da preocupação com as mudanças demográficas e o envelhecimento da população; da integração da saúde na pauta global sobre mudanças climáticas; e da intensificação das ações de vacinação que, para a ministra não é só uma tarefa do governo, mas de toda a sociedade.
Na data em que a pasta comemora 70 anos de existência sob o comando da primeira mulher, uma cientista, pesquisadora e integrante da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia evidenciou “a volta da saúde” lema adotado pelos integrantes do governo. Assim, ela firmou compromisso com a reconstrução do papel da ciência, da inovação e da tecnologia no Ministério; com o resgate da visão do compromisso e da valorização da ciência para o Sistema Único de Saúde (SUS); e com o investimento em novos vetores de desenvolvimento.
A socióloga também apontou a importância de estar aberta às mudanças da sociedade e dos novos tempos para poder ouvir e incluir novas vozes nos diálogos relacionados à saúde. “Não podemos perder de vista a questão da reflexão, do trabalho, do pensamento crítico na ciência e na saúde, porque é isso que nos permite avançar no objetivo de termos, de fato, um país mais justo e soberano no futuro próximo”, encerrou.
A programação de terça-feira teve mesas-redondas, sessões especiais, conferências e encontros sobre ciência, tecnologia e inovação, saúde e educação. Foram mais de 40 eventos promovidos em formato presencial, virtual e híbrido. Confira a programação completa aqui.